terça-feira, 22 de julho de 2014

Teorias da escolha individual

Deixaste de transpor muitas paredes,
Preso pelas redes das tuas verdades,
Realidades e Justificação.

O que justifica a tua ação,
Te faz ser mais, ser capaz perante à razão?
Tudo isso é vácuo, é nada,
Só práxis e emoção.

Não se importam com a tua justificação,
Não há plano racional de redenção,
Todos apenas querem um assunto para distração,
Justifica-te em teu coração.

Assim, eu escolho você,
Sem precisar de legitimação,
Eu escolho pela arte,
De andar pelo caminho daqueles que sabem que não sabem.


Domingo na lata de lixo

Dia disforme e vazio,
Ingrato, rápido e arredio,
Igual a você.

Seu corpo distante,
Corpo que mente,
Mente que cai
Em qualquer travesseiro macio,
Em qualquer tela que pisca,
Qualquer esquina,
Suposta alegria,
Qualquer (des) motivo,
De viver.

Meia luz na janela,
Cama desfeita,
Chá de canela,
É ingrato saber,
Que você não transpassa paredes,
Que você não pula muros,
Grades e redes,
Que não bate em portas como estas.

Inconformada eu sigo,
Quantos domingos perdidos,
Quanta coragem você joga,
Na lata do teu lixo,
Lixo de medo e depressão.

Isso não é um julgamento,
Critico o que considero,
Apenas quero,
Te ter vivo.

Bate nessa porta,
Não importa,
Que é domingo,
Não importa,
Que o dia te anestesiou.

Chuta o balde da tua lata de lixo,
Faz amigo,
Faz amor,
Faz comigo,

Juramento de Domingo.

"Atrás do trio-elétrico só não vai quem já morreu"

Não tenha medo da sorte,
De encontrar o teu norte,
Não viva na hora da morte,
E aqueles desejos não aborte,
Deixe a razão para Freud,
Faz teu caminho, não volte,

Não tenha medo da sorte.

Não sou fofinha

Não sou fofinha,
Nenhuma gracinha,
Quietinha,
Flor para ornar com a sua camisa,
Enfeite para o design do seu deleite.

Não sou fofinha,
O sonho de consumo da matilha,
Sou quem sou,
Sem que precise que me diga,
Sem que precise rimar,
Incompreendida,
Mas disponível,

Para amar.

Vinho

Estamos envelhecendo juntos,
Envelhecendo cedo;
Rindo das bobagens que fizemos,
Dos amores que não tivemos;
Equilibrando-nos nas consequências que escolhemos,
Existência de que padecemos.

Abrindo novos caminhos,
Vendo nosso inabalável cair no infinito,
Tudo isso,

Naquela mesma garrafa de vinho.

Consciência e Redenção

A súbita lucidez da consciência,
Que te flecha,
E logo te refaz,
É a chamada divina sapiência,
A divergência das ações e dos discursos,
A coerência do passado e dos teus rumos,
Não há lugar para indulgências,
Só consciência e redenção.

Tua conversão em outro sermão,
Tua mudança em outro padrão,
Toda redenção é poderosa,
Para quebrar o mais forte grilhão.

Os julgamentos alheios são só repressão,
Nada pode retirar-te o poder de refazer a tua ciência,
De regressar ao profundo da tua essência,
Não se trata de fraqueza, mas, fortaleza,
De redimir-te frente à tua própria consciência.


Aleatoriedades

Deixa eu escrever na tua linha,
Deixa você cruzar na minha esquina,
Deixa eu esbarrar na tua fila,
Aleatoriedades.

Faz história,
Faz final de semana de sol, de memória,
Faz comigo,
Faz amigo,
Faz saudades,
Aleatoriedades.

Mal da tua sociedade,
Mal da distância das fronteiras,
Mal da tua natureza desordeira,
Mal da idade,
Aleatoriedades.

Deixa o teu pouco comigo,
Reparto em outras linhas e cidades,
Aprendo e reinvento,
Alteridade.

O caos dos dias passa como o vento,
Velocidade Tempo,
Alteridade Outro,
Aleatoriedade Encontro,
Universalidade Todos,
Unicidade Escopo,


Aleatoriedades.