sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Solidariedade a todas as amantes

Admirável é,
A rotina e os sentimentos observados,
Na vida das amantes.

Sempre disponíveis,
Sempre excitadas,
Sempre invisíveis,
Jamais consultadas,
As amantes.

E como deve ser viver no oculto?
Como deve ser viver de anonimato?
Como deve ser existir no mundo do outro como uma figura líquida?

E como deve ser viver na mentira?
Como deve cansá-las construir as inverdades que cobrem as verdades?
Como deve ser viver duas vidas numa só?

E como deve ser não poder assumir o eu, o eu no outro?
Como a neurose pode ser possível em razão do mero sentimento?
Como deve ser possível sentir-se amante.

Pobres amantes,
Admirável é o seu mundo de ilusão,
A constante construção da fantasia,
Que intenta assegurar o status de realidade.

Miseráveis amantes,
Por causa da desgraça da Esperança que é a última que morre,
Continuam a assim viver, continuam a esperar e crer,
Por causa da esperança que as move,
Continuam a viver,
Como se estivessem a morrer.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Da síndrome do idiotismo social

Se descobrires que és um idiota,
Tens apenas duas coisas a fazer:
Regresse e amadureça os últimos de seus pensamentos,
Ou comece comprando roupas que agora lhe servem.
Todo grande idiota necessita de um vasto repertório.

Regozijo

O coração que amadurece,
Permanece leve,
Permanece livre,
Nunca adoece,
Não se esquece de esperar,
De perseverar.

Meu coração amadurece,

A cada interação neste mundo fechado,
A tantos sentimentos calados,
Amadurece para ser.

Matemos pois, a subjetividade que em parte nos aflige,

Para ver o que se pode ganhar,
Para achar o que se pode encontrar.

Meu coração amadurece,

Contra o meu eu,
A favor do teu,
A favor do nosso.

Doendo ao ver,

Que não se é aquilo que se espera,
Que se deve matar a subjetividade que nos encerra.

Ampliar inquieta,

Analisar é impaciência,
Contrapor irrita,
Flexibilizar é dolorido,
Repensar cansa.

Amadurecer o já amadurecido é sempre regozijo.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Not that strong

I’d like to be strong as a rock,
I’d like to be convinced as a fanatic one,
I’d like to be strong,
Oh that strong!

I’d like to be great as a sun in the morning,
I’d like to be powerful like a rough wind,
But I’m not that strong honey,
Not that strong,

I’m just crashing,
And I know that I’m not that strong,

Not that strong honey,
Never that strong,
In my weakness maybe you’ll find my strength,
Never that strong.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Eu o sou

Eu o sou,
O mais estranho dos seres,
O mais complexo inimaginável,
Portanto, ridículo, impensável,
Não identificável com o geral,
Com o normal,
Com o comum e o usual.

Eu o sou,
O mais mísero dos seres,
Por não acompanhar esta marcha,
Por induzir a rechaça,
Por não dançar a dança dos iguais,
Não a danço.

Por agir como se não houvesse,
E jamais pudesse haver alguém,
Tão desigual aos iguais,
Tão estranho àqueles outros,
Eu o sou.

Eu o sou,
Normal demais,
Para ser real,
Equilíbrio demais,
Para ser normal,
Diferente demais para viver,
No meio dos iguais,
Eu o sou.

Gracinha

Música para Léo e Andressa.



Que gracinha,
Você os deixa loucos,
Gracinha.

Você não é uma mente privilegiada,
Mas, você é desejada,
Você não é sensacional, espetacular, magistral,
Mas é legal,
É uma gracinha!

Mais uma gracinha,
Novinha,
Inocente, (Tadinha).

Qualquer um poderia te passar para trás facilmente,
Você é uma construção dependente,
Uma construção patética,
Acha tudo isso inteligente, (Tadinha),
Mas, é claro, você é uma gracinha, meu bem,
 E que gracinha!

Eu adoro você gracinha,
Por isso digo o que você é,
E você é uma gracinha!
Mais uma dentre as mil que conheço.

Mas eu não me esqueço,
De você gracinha,
Que você não é melhor gracinha,
Que você não tem diferencial gracinha,
Que você é bonitinha, gracinha.

Me ligue um dia qualquer,
Quando você deixar de ser gracinha,
Eu adoro você gracinha,
Mas, eu me cansei,
Eu não sei dizer gracinha,
Mas, você é compreensiva,
Por que você é uma gracinha!

Todo mundo adora uma gracinha,
Por isso eu adoro você,
Gracinha.


terça-feira, 20 de julho de 2010

Ponto final

Pare de contar essa história,
De uma moça de família diferente,
Muito boa gente,
Sobretudo obediente,
Esta história é uma novela decadente,
Findou-se,
Por seu marasmo evidente.

A personagem principal era demente,
Essa moça que possui personalidades duplas, diferentes,
Cada uma para quando lhe é conveniente.

Vidas duplas são laboriosas,
A moça crente,
Boa gente,
Sobretudo obediente,
Que era demente quando lhe fosse conveniente,
Cansou-se,
Resolveu então, escrever a última cena,
De sua novela decadente.

Essa moça confidente,
Boa gente,
Sobretudo obediente,
Que era demente quando lhe parecesse inteligente,
Escreveu um ponto final,
Em sua novela decadente.

Todos ficaram perplexos a final,
Fecharam os olhos,
Para não contemplar tamanho mal,
A moça disse,
Que sua novela decadente,
Não era de própria autoria,
Mas, que ela deveria,
Inaugurar uma outra,
Que fosse menos dos outros e,
Mais dela.

Essa moça consciente,
Nem tanto mais boa gente,
Não muito mais obediente,
Que agora era demente,
Por não mais ser conivente,
Descobriu que era culpada,
Pela novela decadente.

Essa moça inteligente,
Ás vezes boa gente,
Quando necessário obediente,
Considerada uma demente,
Assumiu uma nova novela,
Que agora era dela,
Deu o título de novela ascendente.

Pare de contar essa história,
De uma novela decadente,
Comece contando daquele ponto final,
Sempre para frente.

sábado, 8 de maio de 2010

Retrato irreal

Vi os teus sapatos jogados à beira do caminho,
Vi o teu ser despojado,
Pleno em esperança,
Respaldado em lembranças.

Você em uma praia vazia,
Deserta e intensamente fria.

Vê-se um homem distinto,
Alguém sozinho de passagem,
Alguém sem verbo,
Desenhado na miragem.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Standby

Quando a ignorância te faz esperar um sinal, que os deuses decidam por você,
Que eles profiram a tua sentença;

Revela-se tua própria intolerância em levar o peso do próprio mundo nas costas,
Em desenhar o próprio mundo, em refazer a própria sorte.
Eis que dormem os deuses. Tu vais acordar?

quinta-feira, 25 de março de 2010

Poeta sem poesia

Não me despeço de ti,
Preciso da tua ilusão,
Anseio possuir os teus versos,
Dominar tua canção.

Nunca te deixo de vez,
Bebo da tua fantasia,
Ainda penso em ti, ainda me inspiro em ti,
Oh, pobre de mim,
Preciso de ti poesia.

Não me abandones a mente,
Assim me fazes demente,
Poeta de mixaria, poeta sem poesia.

Fiquei poeta sem poesia,
Poeta a se arrepender.
Casei contigo,
Te traí com o Direito,
E agora não mais te consigo escrever.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

2010

Olho meu saudosismo,
Controlo meu ceticismo,
Enquanto a chuva cai, enquanto a chuva vai.

Toco o coração,
Sinto meu ego gozando de satisfação,
Enquanto a chuva cai, enquanto a chuva vai.

Vejo sofrimento,
De longe um canto, um lamento,
Enquanto a chuva cai, enquanto a chuva vai.

Penso em você,
Sem razão, sem porquê,
Enquanto a chuva cai, enquanto a chuva vai.

Onde tudo termina,
A novidade se aproxima,
Chove esperança.

Chove esperança,
Enquanto a chuva cai, enquanto a chuva vai...