sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Solidariedade a todas as amantes

Admirável é,
A rotina e os sentimentos observados,
Na vida das amantes.

Sempre disponíveis,
Sempre excitadas,
Sempre invisíveis,
Jamais consultadas,
As amantes.

E como deve ser viver no oculto?
Como deve ser viver de anonimato?
Como deve ser existir no mundo do outro como uma figura líquida?

E como deve ser viver na mentira?
Como deve cansá-las construir as inverdades que cobrem as verdades?
Como deve ser viver duas vidas numa só?

E como deve ser não poder assumir o eu, o eu no outro?
Como a neurose pode ser possível em razão do mero sentimento?
Como deve ser possível sentir-se amante.

Pobres amantes,
Admirável é o seu mundo de ilusão,
A constante construção da fantasia,
Que intenta assegurar o status de realidade.

Miseráveis amantes,
Por causa da desgraça da Esperança que é a última que morre,
Continuam a assim viver, continuam a esperar e crer,
Por causa da esperança que as move,
Continuam a viver,
Como se estivessem a morrer.

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